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Escolas bilíngues da Prefeitura possibilitam integração aos alunos surdos



Por Bárbara Braz
Publicado em 04/10/2018
Editado em 10/01/2020, às 11:41

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Um mês repleto de atividades e de experiências vividas por alunos surdos. Foi assim que o Setembro Azul foi marcado nas escolas-polo bilíngues da Rede Municipal, com uma série de ações ligadas ao Mês do Surdo, que reforçaram a educação bilíngue nas escolas e a inserção dos surdos na sociedade.

Com o objetivo de refletir sobre as propostas de uma educação bilíngue para a população surda, a Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer (Secel), promoveu a “11ª Semana do Surdo”, evento que permitiu que os profissionais da educação agregassem vários conhecimentos às suas práticas, proporcionando vivências sobre diversas temáticas pertinentes ao modo de vida das pessoas surdas.

Durante o mês, cerca de 50 alunos das turmas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e EJA (Educação de Jovens e Adultos), das escolas bilíngues da Prefeitura de Guarulhos Crispiniano Soares, Edson Nunes Malecka e Sophia Fantazinni Cecchinato participaram de uma programação diversificada, com atividades lúdicas, culturais e de integração.
 
EPG Crispiniano Soares

Uma das atividades em destaque da EPG Crispiniano Soares foi a visita dos alunos ao Zoológico de São Paulo, oportunidade que proporcionou integração e imersão linguística entre os alunos surdos da escola. A visita teve como objetivo apresentar a diversidade da fauna e da flora brasileira, a partir da observação e compreensão dos hábitos alimentares dos animais, do conhecimento e classificação de mamíferos, aves, répteis, entre outros, em classes.

A aluna surda Maria Eduarda Pereira dos Santos, do 5° ano, ficou impressionada ao ver alguns animais. “Eu amei ver o rinoceronte, os flamingos que parecem uma bailarina, o jabuti, que é muito grande, e a girafa que tem uma casa muito alta. No espaço das cobras, eu vi o esqueleto delas. De fato, elas são animais vertebrados diferente das formigas que não tem ossos”, conta a aluna por meio da língua de sinais.

Outra atividade que contagiou a comunidade do entorno da escola foi a apresentação teatral dos alunos surdos, que tem propiciado diferentes aprendizagens, como a ampliação do vocabulário em língua de sinais e da criatividade, conhecimento de outras formas de ler o mundo, valorização do trabalho em grupo para a construção coletiva do conhecimento e o exercício da autonomia com responsabilidade.

O professor de classe bilíngue Rafael Miguel explica que o teatro é apontado como um artefato cultural de valor estimável pelos alunos surdos. “O trabalho com essa linguagem é realizado de forma sistemática, com apresentações semestrais. Essas apresentações são realizadas em Libras pelos alunos surdos e acompanhadas de tradução simultânea para o português oral, realizada pelos professores bilíngues, de modo a possibilitar entendimento do começo ao fim das produções cênicas sinalizadas”.

O aluno Alyson Christopher Alves dos Santos, do 5º ano, contou como foi experiência de atuar para o público: “Eu fiz o papel de médico, então no começo foi difícil porque eu precisava gravar as falas do personagem. Mas, nos ensaios, fui aprendendo e consegui! Ufa! No dia da apresentação eu não fiquei com medo, tive coragem e sinalizei. Minha mãe estava sentada me vendo, ela sabe muito bem Libras. No final, me deu os parabéns, disse que me amava e me deu um abraço forte. Foi um dia muito legal”, contou empolgado o aluno. 

EPG Sophia Fantazinni Cechinnato

Com o tema “Juntos Somos Mais Fortes”, os alunos surdos da EPG Sophia Fantazinni Cechinnato construíram um painel sobre o Setembro Azul, no qual todos os funcionários da escola tiveram suas mãos pintadas pelos próprios alunos, e deixaram suas marcas carimbadas.

Além disso, a escola tem parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), na qual os alunos do curso de Pedagogia elaboram e executam projetos com os alunos da sala bilíngue. Nesse mês de setembro, o desafio foi preparar uma atividade interativa comum a alunos surdos e ouvintes.

Atividades em ASL, na Língua Americana de Sinais, também fizeram parte da programação da escola, que além da LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e do português na modalidade escrita, também ensina a língua inglesa, uma vez por semana, por meio da ASL (American Sign Language).

Para a professora de classe bilíngue Aretê Azevedo, a chegada da Língua Inglesa na grade curricular da escola aguçou interesses de formas distintas em cada aluno. “O inglês vem despertando a atenção, percepção, comparação entre ASL e Libras, e a curiosidade nos alunos em todos os aspectos. Enquanto professora, creio que este está sendo um desafio prazeroso no qual as crianças aguardam ansiosamente pelo dia da aula”, conta a professora. 

EPG Edson Nunes Malecka 

Na EPG Edson Nunes Malecka as atividades tiveram como objetivo ampliar a capacidade de comunicação, interação social e afetividade entre crianças e adultos. Durante o mês, os alunos fizeram um piquenique coletivo socializando alimentos, e também uma roda de conversa com café da manhã, que permitiu conectar as famílias e apresentação dos alunos surdos, por meio de filmagens e teatro.

Além disso, a contação de histórias da arte-educadora Wânia Karolis, interpretada em LIBRAS pelas professoras da escola, fez com que os alunos surdos usassem toda a sua imaginação e criatividade. Um momento especial não só para os alunos, mas para todas as pessoas que contribuíram para fazer do “Setembro Azul” um mês inesquecível para todas essas crianças. 

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