Por Danielle Andrade
Publicado em 09/11/2022
Editado em 16/11/2022, às 16:17
Durante todo o ano letivo a EPG Patrícia Galvão-Pagu, no Jardim Cambará, promove momentos e ações de escuta entre a escola e comunidade. Para compreender melhor as mudanças ocorridas durante o período da pandemia, a unidade promoveu entrevistas individuais com os pais e responsáveis pelos alunos com o objetivo de mapear os principais desafios que as crianças e famílias enfrentam no processo educativo.
As entrevistas tiveram como foco o acolhimento de dúvidas e o planejamento de ações pedagógicas a partir das interações das crianças no cotidiano escolar. Após o diagnóstico, a equipe da escola identificou a necessidade de potencializar a socialização das crianças no ambiente escolar, alinhada à proposta curricular da rede municipal que favorece a exploração, a pesquisa e as descobertas.
O projeto anual da Pagu, Crianças: Vivências e Descobertas, evidencia o uso dos espaços externos, a organização das salas referência com estética mais harmoniosa, funcional e promotora de autonomia. Para tanto, aposta na criação de cantos de interesses para estimular escolhas, brincadeiras, interações, pesquisas e aprendizagens.
Cantos de investigação
A observação e a escuta sensível dos professores em relação ao potencial das crianças são essenciais para a organização dos espaços, que foram preenchidos a partir dos interesses individuais para abranger múltiplas linguagens e incentivar a exploração com autonomia. A formação em pequenos grupos também colabora com o desenvolvimento da criatividade e o desejo pela pesquisa.
A sala referência do estágio II foi organizada intencionalmente para que as crianças possam registrar as aprendizagens. “A partir do interesse das crianças surgiram cantos fixos para escrita, leitura e pesquisa. Os grupos fazem um rodízio e, em cada canto, registram suas investigações e descobertas em um diário de bordo”, explicou a professora Juliana Morgado sobre a ocupação desses espaços.
A professora esclarece que no final do ano as crianças levarão seus diários para casa e poderão compartilhar com seus familiares o que aprenderam sobre insetos e sementes, dentre outras pesquisas.
A professora do estágio I Larissa Pontello percebeu o interesse das crianças pelas músicas infantis e, para ampliar cada vez mais a visão de mundo dos alunos, decidiu trabalhar com o livro Quem Canta seus Males Espanta. “Fizemos uma votação para a escolha das músicas e a interação tem sido grande. Nos espaços externos a turma encontra os bichinhos de jardim e os relaciona com as letras das canções, o que amplia ainda mais o aprendizado. Além disso, fizemos atividades de grafismos indígenas, produção de vasos plantados individualmente e um vaso feito de forma coletiva exposto na sala”.
Intencionalidade na Educação Infantil
As práticas pedagógicas da EPG Pagu foram traçadas coletivamente no início do ano, em março, durante o planejamento pedagógico com a equipe escolar. Na ocasião os professores apresentaram as cartas de intenções para as famílias, nas quais descreveram as práticas e intenções elaboradas para os próximos meses com as turmas.
“Os elementos da natureza também estiveram presentes em nossas investigações, brincadeiras e produções artísticas. Exploramos ainda mais o parque e o tanque de areia em nossa escola, observamos as corujas no quintal da unidade, além de proporcionarmos a escrita espontânea e coletiva em pequenos grupos”, destacou a professora Solange Cunha Sanchez.
Já a professora Thamires Ferris Barbosa de Lima, recém-chegada à equipe escolar, relatou suas impressões desde o primeiro contato com a proposta pedagógica da escola. “No início foi necessária uma adaptação, levar as crianças a compreender que todos usufruirão dos espaços, que a turma precisa passar por todos os cantos e que eles também terão a oportunidade de escolher. Estou começando a implementar esse tipo de organização com calma, a partir de observações, registros e ideias de outras professoras. Estou construindo o meu olhar e também me dispondo a explorar os materiais e espaços que temos na escola”.
Escola e família
Considerando que a comunicação entre escola e família é de extrema importância para fortalecer esse processo, a professora Angélica Alves criou um jornal bimestral. “No início do ano, na carta de intenções, comuniquei aos pais e responsáveis que todo o cotidiano, os processos de aprendizagem e os interesses resultariam na elaboração de um jornal bimestral, feito com textos coletivos”, contou a professora Angélica, que também atuou como escriba.
A coordenadora pedagógica da EPG, Andressa Carla Silva Reis, acredita que a parceria entre a escola e as famílias tem alcançado resultados positivos. “É fundamental que a criança perceba que sua família e a escola caminham juntas. Por isso, para manter este vínculo, nossa equipe repensou algumas ações comemorativas para desenvolver uma educação para todos, respeitando os direitos de aprendizagens e a diversidade”, explicou Andressa.
A coordenadora enfatizou ainda que a escola promove reuniões extras entre famílias e equipe gestora, encontros para esclarecer as propostas da rede e eventos abertos à comunidade ao longo do ano.