Por Danielle Andrade
Publicado em 27/11/2025
Editado em 27/11/2025, às 16:22

Alunos da EPG Marfilha Belloti Gonçalves, em Cumbica, aguardavam ansiosos para receber e ler as correspondências trocadas entre os colegas, professores e funcionários da escola, por meio do projeto Cartas, desenvolvido no Centro de Incentivo à Leitura da unidade. A iniciativa tem por objetivo estreitar laços, incentivar a amizade, estimular a comunicação, a produção textual e favorecer a compreensão da diversidade cultural, fomentando a leitura e a escrita.
Inicialmente, as turmas do 3º ano trabalharam o gênero textual carta a partir do livro "O carteiro chegou". A obra literária despertou nas crianças a curiosidade de como funcionava essa forma de comunicação muito utilizada no passado. A professora Sandra Aparecida da Silva (especialista em Educação Especial e pós-graduada em contação de histórias), então apresentou o projeto já realizado em outros Centros de Incentivo à Leitura (CIL) por onde passou, nos quais a figura do carteiro, uma pessoa representando essa função, fazia visitas semanais recolhendo e distribuindo cartas dos alunos.
A proposta foi implementada nas demais turmas e hoje é um sucesso na escola. Com a parceria da professora Regina Cabo, ambas assumem a função de carteiras responsáveis pela entrega das cartas nos períodos da manhã e da tarde. Às terças e quintas-feiras, as cartas são entregues desde que tenham nome e sobrenome, selo e todas as informações necessárias.
Os alunos têm percebido o poder do hábito de escrever, tornando momentos prazerosos, de forma espontânea e sem obrigações. As crianças demonstram grande entusiasmo tanto em escrever as cartas quanto ao aguardar a chegada das correspondências.
Respeito e diálogo
Acostumados com a comunicação digital, muitos alunos conheciam e-mail e WhatsApp. Com o projeto, potencializando o gênero textual cartas que já havia sido trabalhado em sala de aula, desenvolvendo a criatividade, a produção textual, a leitura e ilustrações, os educandos passaram a compreender o trabalho dos Correios e dos carteiros, a preencher um envelope com remetente, destinatário e selo. Atualmente, as cartas recebem um selo próprio, criado com a identidade visual da EPG Marfilha Belloti.
A atividade reforça a importância do respeito, do diálogo e da possibilidade de reivindicar direitos, dar sugestões e tornar o dia do outro melhor. Com apenas papel, caneta ou lápis, envelope, selo e o “endereço do correspondente” (turma, número da sala, local de trabalho), as cartas são entregues. O trio gestor, composto pelo diretor Rafael Paixão, a vice-diretora Maria Reis e a coordenadora pedagógica Leonice Amaro de Almeida, também participam da troca de cartas com os alunos, reforçando a importância da empatia. É uma experiência valiosa permitindo às crianças se expressarem e interagirem com autonomia.
Os estudantes têm seguido corretamente as orientações ao escrever suas cartas, registrando sugestões, relatos, mensagens de carinho e amizade e sem ofensas. Para Sandra, esse movimento fortalece os vínculos entre os alunos, proporcionando a eles um canal de comunicação com a administração e demais funcionários. “As crianças têm opiniões diversas, e por isso oferecemos a opção de expressá-las por meio das cartas, inclusive para aqueles que preferem não se manifestar verbalmente”.
Neste ano, além da troca de cartas na própria unidade escolar, houve troca de cartas entre as EPGs Benedito Vicente de Oliveira, na região do Taboão e a EPG Marfilha Belloti, e a troca ocorreu com o auxílio das coordenadoras pedagógicas de cada unidade. Em anos anteriores outras unidades da rede municipal também realizaram a troca de cartas entre os alunos, como as EPGs Tom Jobim, Josafá Tito e Glorinha Pimentel.
Além dessa iniciativa, o Centro de Incentivo de Leitura da escola promove diferentes dinâmicas que incentivam o hábito da leitura para cerca de 300 alunos do ensino fundamental, como contações de histórias, rodas de conversas, apresentações entre outras atividades.