“Convite para a Festa do Saci e seus amigos”.
No primeiro momento Sophia recusou participar da ação de coleta, expliquei ao grupo sobre, e de modo individual ela se expressou afirmando “não saber desenhar o Saci”. Na convivência do cotidiano a ação do desenho tem sido um processo complexo para Sophia, entre o prazer e a recusa. Respeitei a recusa, mas também disse que o Saci era para ser feito como cada um sabia do Saci, e que o convite é uma etapa importante da festa que se aproximava. Após o parque e refeição, ao retomar para sala Sophia se aproximou e disse que iria desenhar. Durante o processo do desenho deixou sua marca presente, pois constantemente em seus desenhos a educanda expressa-se pela figura feminina gestante, é observado em seus desenhos a presença de mulheres com bebês
dentro de si. Recentemente ganhou um irmão, e em seus desenhos têm ocorrido com frequência essa marca que diz tanto sobre sua experiência de filha, irmã, sobre si. Em seus desenhos observamos a forma que se identifica ao “desenho de imaginação I em transição para o desenho de imaginação II”, de acordo com os cincos momentos conceituais do desenho infantil apresentado por Rosa Iavelberg.
No processo ela desenhou as figuras com formas definidas na parte inferior da folha e finalizou com o Saci, mas como podemos observar em seus traços, conectou um desenho ao outro, contando sobre si e sobre o Saci. Enquanto educadora reconhecendo seu desenho, observo que Sophia conta algo que está sendo elaborado dentro de si, ao registrar esse momento recente da sua história, manifestando os sentimentos e sensações que essa etapa tem lhe atravessado, como afirma Albano, “ a criança desenha para contar sua história” e nesse processo da ação do desenho, o pensar e sentir caminham juntos elaborando sua linguagem, portanto, sua identidade de irmã mais velha.
Professora Roberta da Silva Pereira