Kevin Yuji, 8 anos

Devido ao atual cargo que desempenho não ser em uma escola, ou espaço educacional com crianças, precisei realizar a coleta com as
crianças do contexto familiar, os meus sobrinhos. A data encontrada para realizar essa proposta foi o dia das crianças, por ser um momento em que todos estariam juntos. Na sala da casa de uma delas, convidei as 5 crianças, entre 4 e 13 anos, para desenhar. Inicialmente, surgiu um receio de que eles pudessem não se interessar, afinal, haviam ganhado brinquedos diversos momentos antes. Para a minha surpresa, todos aceitaram e demonstraram muito interesse em realizar os registros. Disponibilizei lápis de escrever e colorido, folhas de sulfite branca e canetinhas coloridas na mesa e eles foram se organizando no entorno. Perguntei, inicialmente, se eles gostavam de desenhar, em seguida o que eles gostavam de desenhar. Em meio ao diálogo, os registros foram produzidos. Ao iniciarmos, observei que as duas crianças de 4 anos logo começaram a registrar, pareciam mais livres, enquanto os mais velhos paravam para pensar, iniciavam e, em seguida, trocavam de folha. Nesse sentido, lembrei do trecho da reflexão de Iavelberg, ao tratar da importância da sensibilidade ao lidar com as crianças e o seu processo de criação dos desenhos.
“O desenho do aluno é fruto de seu esforço, trabalho e criação. Portanto, gostar do desenho das crianças é gostar das crianças…”
(Rosa Iavelberg, 2013, p. 41)
A seguir, apresento trechos das falas sobre os seus desenhos e uma breve reflexão de cada.

Yuji: “Eu fiz o Bil, que é do mundo estranho… parece um mundo invertido. Essa é a casa do Bil, e tem até um céu e estrela dentro
dela. Eu tentei fazer muro cheio desenhar uma parede com um monte dessas bolinhas. Mas eu fiquei sem paciência… e não fiz mais.”

Ao longo da produção, Kevin Yuji conta uma história de terror. Ao começar a descrever o desenho e a história demonstra certo receio por não saber desenhar uma estrela, provavelmente por ter o desejo de registrar conforme algum modelo estabelecido. Em seguida, destaca que sabe desenhar casas muito bem. Após ser elogiado, segue contando a história do personagem Bil, que é um personagem do mal, veio do mundo estranho, ou mundo invertido, e não parece mais ter insegurança quanto a sua produção. Assim como os irmãos mais velhos, gosta de ouvir e contar histórias de suspense e de terror. Um dos irmãos observa o seu desenho e diz conhecer aquela história e que acha que ele foi influenciado. Yuji concorda e complementa dizendo que sim. Yuji relata que gosta de desenhar de vez em quando, principalmente quando está com tédio. Mas não gosta de pintar. Ao finalizar o desenho, apresenta para os irmãos, e pede para mostrar para outra tia.
Professora Paula Teixeira de Araújo

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