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Guarulhos discute história e culturas indígenas em mesa-redonda



Por Bárbara Braz
Publicado em 08/08/2019
Editado em 08/01/2020, às 15:43

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A Prefeitura de Guarulhos realizou na quarta-feira (7) uma mesa-redonda de história e culturas dos povos originários com o tema “Por uma educação que respeite as culturas indígenas”. O encontro aconteceu na sede da Secretaria de Educação, organizadora do evento junto com o Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas (Doep), através da Divisão Técnica de Políticas para Diversidade e Inclusão Educacional e integra as atividades do “Agosto Indígena”.

Destinada aos coordenadores pedagógicos das escolas da rede municipal de ensino, a iniciativa teve como objetivo fomentar e valorizar as discussões acerca dos povos indígenas e valorizar sua representatividade nas escolas, proporcionando aprofundamento das culturas e costumes indígenas destes conforme previsto na Lei 11.645/2008, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena e seu reconhecimento na formação da sociedade brasileira.

Para a diretora do Doep, Solange Turgante, a ideia de realizar uma mesa-redonda sobre o tema é quebrar os estereótipos, reconhecer e entender a cultura indígena que constitui a sociedade. “O viés da mesa é educacional, para que os profissionais da educação repensem como trabalhar um tema tão importante nas escolas da rede municipal”, observou.

A convite da Secretaria de Educação, o subsecretário de Igualdade Racial, Anderson Guimarães acompanhou o evento, e destacou que: “Hoje o nosso principal problema enquanto nação é a desigualdade social. E é claro que ele só será resolvido pela educação”, destacou o subsecretário de Igualdade Racial, Anderson Guimarães, que ressaltou ainda a importância de discutir a Lei 11.645/2008. 

A mesa-redonda promoveu o protagonismo indígena neste mês afirmativo, assim foi composta por lideranças indígenas de diversas etnias, sendo Marcio Mirî Vidal Lima de origem Guarani, da Terra Indígena Tenondé Porã, situada no extremo sul do município de São Paulo, já atuou como educador da Rede Estadual de Ensino na Escola de Educação Indígena (EEI) e atualmente trabalha na administração da Centro Educacional e Cultural Indígena (CECI), Adriano Veríssimo, guarani,  da mesma aldeia e coordenador pedagógico do Centro de Educação e Cultura Indígena (CECI), Emerson de Oliveira Souza, guarani, mestrando em antropologia na Universidade de São Paulo e professor de sociologia da Rede Estadual de Ensino de São Paulo e Awa Kuaray Wera, da etnia tupinambá,  presidente da Associação Indígena Arte Nativa, localizada em Guarulhos.

Os palestrantes pontuaram a necessidade de se reconhecer a diversidade étnica de nosso país, o qual reúne 305 povos indígenas e valorizá-las. O líder Awa iniciou falando em tupi, proporcionando ao grupo o contato a língua indígena, expôs situações de discriminação e preconceito vivenciado pelos povos originários nos espaços sociais, explicou as diferenças entre os indígenas que vivem em contexto urbano e os que vivem em aldeias, em meio à natureza.  
O professor Emerson explanou sobre a importância do currículo escolar e Projeto Político Pedagógico contemplarem esta demanda, em sua fala exemplificou caminhos possíveis com experiências exitosas de algumas escolas que partiram do pressuposto da diversidade e a cada turma estudou-se um povo indígena compondo uma mostra educacional das culturas originárias.

Já o coordenador da CECI, Adriano, explicou como a Educação Indígena se constitui, pontuou que não se configura a partir de uma grade curricular, como no ensino tradicional não indígena, e que os conteúdos voltam-se a sabedoria dos mais velhos e os ensinamentos de uso e manuseio da natureza, preservando-a e respeitando. Marcio compartilhou suas experiências educacionais, tanto com educadores indígenas, quanto os não indígenas e ressaltou que ao longo de seu processo educacional percebeu que “a escola nos afasta de nós mesmos”, promovendo ao grupo a reflexão sobre a construção das identidades nos diversos espaços sociais.

Durante o encontro, os coordenadores pedagógicos tiveram a oportunidade de compreender a diversidade étnica e cultural dos povos indígenas, sanar suas dúvidas, compartilhar experiências e apreciar as artes indígenas que foram expostas. 

Além disso, foram levantadas reflexões acerca da educação escolar indígena e o impacto da Lei 11.645/2008 nas salas de aula e nas práticas pedagógicas do sistema regular de ensino, a fim de romper com paradigmas sobre o indígena retratados ainda nos dias atuais.
 




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