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Professora e ex-alunos escrevem cartas para o futuro e se reencontram 10 anos depois



Por Carla Maio
Publicado em 24/07/2023
Editado em 24/07/2023, às 12:13

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Uma história de amor, um encontro de almas. Dez anos ou cerca de 3500 dias foi o tempo que levou para a professora Juliane Dias Cardoso Margalho Pires reencontrar um grupo de jovens guarulhenses, ex-alunos para os quais lecionou em 2013, quando atuava com as turmas do ensino fundamental na EPG Euclides da Cunha. 

Em dezembro de 2013, professora e alunos escreveram cartinhas para o futuro, contando como e onde gostariam de estar em 10 anos, e foi assim que surgiu a ideia de marcar um encontro para o ano de 2023. No início de julho, Juliane e seus alunos cumpriram antiga promessa feita quando a turma estava no 4º ano, e quebraram o jejum de abraços e carinhos em um encontro que aconteceu em uma pizzaria do bairro, no Jardim Fortaleza.

Entre rimas e poesias, a alfabetização

O encontro foi repleto de surpresas. A maior, porém, impactou Juliane em sua prática como alfabetizadora da turma no 1º ano do ensino fundamental, etapa crucial para que as crianças aprendam a ler e escrever. Dois dos alunos, Diego Macedo Santos e Cayo Rian, hoje com 19 anos, tornaram-se poetas e são participantes da The King of Forta, batalha de rimas que acontece aos sábados, na quadra principal do Jardim Fortaleza.


Cayo revelou que foi Juliane a grande responsável por ele ter se tornado um poeta “Ela me inspirou a gostar de escrever, ler, rimar, por isso, sou interessado nos assuntos do governo, gosto de estar por dentro do que está acontecendo”, disse.

Durante o encontro, Diego também dedicou rima certeira à professora, o que mexeu demais com as emoções da docente. “A cada texto, a cada escrita, ela estava sempre lá para me ajudar, dava umas dicas. Eu fui o primeiro aluno da turma a aprender a escrever e isso me deu ainda mais motivação. Ela foi a primeira professora, aquela que me incentivou bastante a ler, escrever, ter foco e dedicação”, contou Diego, emocionado.

Vínculo com as famílias dos alunos

Apaixonada pela alfabetização, Juliane acredita que a escola é um lugar com potencial de transformar o mundo. Ao longo dos anos, ela conta que aprendeu que, quando o professor trabalha feliz, essa felicidade reverbera em outros aspectos de sua vida, tanto profissional quanto pessoal. 

“Um dos motivos que fez com que gostássemos muito da professora Juliane era a forma como ela nos tratava, o cuidado, as brincadeiras, o respeito e seriedade. Ela chamou nossa atenção com as atividades diferentes, os passeios, as pesquisas, as aulas que aconteciam fora da sala, os torneios de desenhos, ela tornava a aula muito mais interessante e isso despertava nossa curiosidade”, contou a ex-aluna Kamily Araújo, 19. Kamily lembra também que todas as atividades propostas pela professora despertavam conhecimentos que, agora na vida adulta, percebe o quanto foram e são importantes.

Juliane contou que sua história com a turma do 1º ano começou em 2010, como muitas das histórias começam. Como o vínculo entre eles foi muito forte, as aprendizagens e desenvolvimento da turma foram sempre muito marcantes. 

“Era uma turma do 1º ano, muito tranquila e com alunos bem-educados, interessados e tudo o que era proposto, eles aceitavam. Naquela época, e ainda hoje, costumo fazer um projeto chamado Comunidade Leitora, no qual as famílias são convidadas para momentos de leitura na escola”, conta.

Foi a partir daí que Juliane estabeleceu forte vínculo com as famílias e, nos anos seguinte, após a atribuição das turmas do 2º ano, teve a oportunidade de continuar com eles e com o projeto.

As famílias continuavam a participar do projeto e visitar a escola para ler livros para os alunos. Com o apoio dos pais e da gestão, Juliane e seus alunos passearam muito, foram a muitos lugares, todos os alunos participavam. Juntos, eles visitaram o aquário e o zoológico de São Paulo, foram à Caixa Cultural na Praça da Sé, e aproveitaram para visitar o centro histórico, um lugar fascinante para todos. Eles também produziram muitos jogos e brincadeiras, cantavam e se divertiam demais.

O reencontro


Júlia Nascimento, 19, e sua amiga Kamily articularam o reencontro entre a professora e os alunos, fizeram um grupo pelo WhatsApp com toda a turma e combinaram tudo. A jovem decidiu colocar o antigo plano em ação depois que ela e Juliane se encontraram por acaso, em uma lanchonete onde Júlia trabalhava. 

“Quando criamos o grupo, todo mundo ficou animado, muitos se esforçaram para comparecer, outros não conseguiram ir. Escolhemos uma pizzaria no nosso bairro, para facilitar a locomoção de todos, a ideia era estar em um lugar onde pudéssemos ficar mais à vontade para conversar, como se fosse a casa da gente”, contou Júlia. A jovem contou ainda que ao final daquela noite, eles voltaram para casa com o coração quentinho e muito felizes pelo reencontro com a professora.

No dia do reencontro, Juliane percebeu que havia alunos que não via há mais de 10 anos. Ela teve dificuldade de reconhecer prontamente um ou outro rosto, mas é assertiva em dizer que o reencontro foi muito especial e resgatou a essência da amizade entre eles.

“Não sei a receita, como tudo aconteceu; foi algo espontâneo tanto de minha parte quanto da parte dos alunos e de suas famílias. Sempre disse a eles que eles podiam ser o que quisessem, desde que fossem honestos, dedicados e felizes”.

Juliane conta que, nos últimos anos, tem passado por novas aprendizagens e desafios com as turmas. Cantar, cativar, desenvolver projetos e superar os conflitos e desafios tem sido acalentador, uma prática constante.


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