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Volta às aulas: Educação destaca acolhimento de professores com deficiência nas escolas da rede municipal



Por Carla Maio
Publicado em 31/01/2024
Editado em 01/02/2024, às 16:44

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Receber os alunos, elaborar planos de aula, planejar as atividades e garantir a aprendizagem dos estudantes. Na volta às aulas, que na rede municipal de Guarulhos acontece no próximo dia 7 de fevereiro, quarta, para cerca de 120 mil alunos matriculados, a Secretaria de Educação destaca o acolhimento de professores com deficiência, que muito mais que receber os alunos com todas as suas singularidades, também são eles próprios acolhidos nos espaços físicos e formativos, e principalmente na relação atitudinal com seus colegas de trabalho, alunos e com as famílias.

No panorama nacional, cujos dados apontam um total de 2,6 milhões de professores, o número de pessoas com deficiência atuando em sala de aula como professores ainda está longe de ser ideal.

De acordo com os dados do Censo Escolar e do Censo da Educação Superior, professores com algum tipo de deficiência representam 0,30% do total de professores do ensino médio e fundamental e 0,43% do total de professores do ensino superior. 

Solange Turgante, diretora do Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas (DOEP), explica que a representatividade de docentes com deficiência tende a ser ainda maior com a inclusão de crianças com deficiência nos processos de aprendizagem do ensino básico, tanto por meio do cumprimento da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146, de 2015, quanto pelos movimentos de luta. 

“Esses professores que estão hoje em sala de aula refletem os primeiros avanços e lutas dos movimentos após a Declaração de Salamanca, em 1994, uma resolução das Nações Unidas que trata dos princípios, política e prática em educação especial. Eles tiveram garantidos seus direitos para que pudessem alcançar qualificação e formação adequada ao exercício da profissão docente. Acredito que, futuramente, haverá mais professores com deficiências em sala de aula, à medida que conseguirmos ampliar a garantia dos processos de aprendizagens das crianças”, explica.

A formação

Nos dias 1 e 2 de fevereiro, os profissionais da rede municipal participam de encontros formativos com a equipe do Departamento de Orientações Educacionais e Pedagógicas (DOEP), que acontecem no CME Adamastor para os gestores e professores das áreas do conhecimento, e de modo descentralizado, com polos em diversas regiões da cidade, para professores da Educação Básica e Educação Infantil. 


Compartilhamento de ideias, experiências e aprendizagens. De acordo com Fabíola Moreira, chefe da Divisão de Formação da SE, os espaços formativos têm como foco o acolhimento de todos os professores, de modo que eles se sintam parte de um grupo.

“Todas as adaptações para os professores com deficiência são cuidadosamente pensadas, pois sabemos que cada um é diferente do outro, muitas vezes com deficiências específicas e que devem ser respeitadas e atendidas para que haja acolhimento pleno. Pensamos que, o que queremos para nossos alunos, deve acontecer também nas formações, uma vez que esse é nosso principal objetivo como formadores”, pontua Fabíola.

Para o alcance desse objetivo, o olhar individualizado e o mapeamento de profissionais da rede é fundamental para as devidas adaptações. “Um exemplo dessas adaptações são as formações oferecidas aos próprios formadores para que possam atuar junto aos professores, levando em consideração as especificidades, sejam físicas ou de outra ordem”.

E na escola?

O preparo e o acolhimento de professores com deficiência pela instituição devem considerar que esses profissionais tiveram uma trajetória que os levaram a uma formação acadêmica. “Esses profissionais se tornaram professores acreditando em suas potencialidades e com a certeza de que fariam a diferença na vida de seus alunos. Uma escola para todos deve olhar também para as condições de trabalho oferecidas para o desenvolvimento das atividades”, explica Fabíola.

Além de condições de trabalho que suprem suas necessidades profissionais, o acolhimento desses professores deve ser pauta de diálogo com a comunidade escolar.

Jean Carlo Martinelli, 52, professor de Educação Física da rede municipal de Guarulhos desde abril de 2002, descobriu o autismo e o TDAH já na vida adulta. *Ele conta que precisou especializar-se em Neuropsicopedagogia, entre outras formações,para compreender as mudanças de comportamento recorrentes, e encontrou nas especificidades desses transtornos respostas que o ajudaram a dialogar de modo claro com seus colegas de trabalho, com os alunos e com os responsáveis pelas crianças.

Para Jean Carlo, mais do que incluir estudantes com deficiência, a escola precisa se transformar para, então, acolher a todos. “São muitas as transformações que ainda precisam ocorrer, como adaptações nas quadras para a prática esportiva, mesas com símbolos para autistas não-verbais, placas e orientações em braile para deficientes visuais e avisos sonoros, rampas e elevadores para deficientes físicos, por exemplo. Quando a escola está aberta à comunidade, ela também deve pensar na acessibilidade de pais que também são deficientes, para que eles possam participar da vida escolar de seus filhos”, explica o docente, contando que muitas famílias o procuram para conversar sobre deficiências.

Jean Carlo conta ainda que, na escola, encontra ambiente propício à inclusão, tanto no apoio da gestão e da coordenação quanto no acompanhamento da equipe do Atendimento Educacional Especializado (AEE). “A realização de atividades como vôlei sentado e snowball com olhos vendados colocaram os estudantes diante de situações de cuidado e atenção uns com os outros, as crianças são muito solícitas e atentas ao modo como nós, professores, incluímos todos os alunos. Acredito que, vai do empenho e sensibilidade da equipe, do trabalho que cada um faz”. 

Como forma de encaminhamento, Jean Carlo acredita que a criação de um Grupo de Trabalho com a participação de professores com deficiência para observar os espaços e mapear as necessidades dos ambientes pode potencializar a ampliação de uma educação verdadeiramente inclusiva.




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