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Na arte de contar histórias, ambiente acolhedor faz toda a diferença



Por Carla Maio
Publicado em 27/10/2017
Editado em 24/01/2020, às 13:36

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Há um dito popular que diz que quem conta um conto, aumenta um ponto. No caso da professora Lindy Barbosa, os pontos dos quais ela faz uso se materializam em elementos de cena e detalhes visuais para o exato acolhimento e ambientação daqueles que escutam a história.

Professora de Artes da EJA da Rede Municipal desde 2008, Lindy é formada em Artes Cênicas pela Faculdade Paulista de Artes, e pós-graduada em Teatro pela Uniso e em Arte-terapia pela Unicamp. Entusiasmada, ela conta que se apaixonou pela área da Educação depois de ter se tornado uma artista. “Eu não tinha percepção do que era arte-educação até tornar-me professora, a prática no mundo da escola é muito diferente”. 

Ela lembra também que a contação de histórias surgiu em sua vida quase como um acaso. Foi então que ela percebeu que todos os elementos do teatro estavam também presentes no ato de contar.

“Tentei entender melhor a forma diferenciada como a narrativa é construída no teatro e na contação. No teatro, sempre temos o diálogo entre o narrador e o interlocutor, com quem se fala. Na contação, é o próprio contador o responsável por todos os papéis. Ele tem que dominar os códigos de conduta e timbres de voz de cada personagem, tem que saber demarcar muito bem o que é narrativa e o que é fala, para que o público possa entender o enredo do que é contado”, explica.

Como contar uma boa história?

“Primeiro, é preciso ler a história e se apropriar do enredo para que você possa contar do seu jeito, e adaptá-la a uma maneira que seja visualmente agradável para quem escuta”. Lindy explica que, por isso, criar um ambiente acolhedor, com música e conforto é fundamental para preparar quem vai escutar a história.

Além do ato de contar em si, a ambientação é outro aspecto com o qual o contador deve se preocupar; se vai utilizar objetos, instrumentos, bonecos, tapetes, pois o ambiente também torna única a experiência de ouvir uma história. 

Na hora de escolher o livro, Lindy seleciona as histórias que vai contar pensando no público que vai ouvi-las. Para ela, não há preferência por crianças, adolescentes, adultos ou pessoas da melhor idade; cada público reage de uma forma e esse é um dos elementos que mais a inspiram.

“Toda vez que vou contar uma história, encaro como um novo desafio. Nas escolas, por exemplo, onde as crianças estão agitadas, elas normalmente querem mexer nas coisas, então, primeiro, você deve acalmá-las antes de começar a contar a história. Às vezes, a estratégia é começar a contar a história no meio da ‘muvuca’, porque chega um momento em que elas próprias percebem que há algo de diferente e legal acontecendo”.

Quando Lindy lê um livro, ela logo fica imaginando como contar aquela história. “Fico sempre pensando em como abordar determinado tema com os autores de minha preferência. Leio bastante e sempre procuro observar o que pode ser interessante para um momento de contação daquela história”.

A educadora conta que possui uma série de histórias de época que gosta bastante, com o clássico “Branca de neve e Rosa Vermelha”, dos Irmãos Grimm, o moderno “A pílula falante”, de Monteiro Lobato, e o contemporâneo “Até as princesas soltam pum”, de Ilan Brenman. 

Para um público de jovens e adultos, ele seleciona histórias que causam risos, como Lampião e a Roda de Fogo, e Sonho de uma noite de verão, de Shakespeare, que mexe com a imaginação. 

Eu te inspiro, tu me inspiras, nós nos inspiramos 

Nesse contexto de histórias e mais histórias sendo contadas de maneiras bastante particulares, a figura do professor se confunde com a do próprio narrador. Durante as formações de professores das quais participa, eles normalmente querem entender quais são os mecanismos utilizados no momento de se contar uma história.

“Uma proposta de contação de histórias requer, sobretudo, o lado expressivo e atuante do contador. Numa contação que envolve educadores, por exemplo, o segredo é quebrar o gelo, interagir, mostrar histórias interessantes, que dialoguem com seus anseios e apontem novas perspectivas para suas práticas”. 

Durante os workshops, Lindy fala com alegria do envolvimento dos participantes quando refazem as cenas, preparam histórias e idealizam a elaboração de projetos na escola.
 



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